Bom ,querida, continuei então minha jornada na manhã seguinte.
À partir do Boulevard segui para localizar o Welcome , seu Hotel simples, onde você é tratada como rainha há 20 anos (p. 101). Olhei pra cima e lá estava ele, sobre o Café Mondrian.
Virei à esquerda e deparei-me com a porta de entrada do Hotel. Olhando em volta me senti familiarizada com a vizinhança que você descreve no livro: a tabacaria, a casa de chocolates, a farmácia, o Da Rosa, o mercadinho, o supermercado do outro lado da rua (p.101 ).
Grudada à parede do Hotel não se encontra mais a casa de queijos, Danuza, onde você se sentava a qualquer hora para degustar queijos e vinhos de boa qualidade. Encontrei no mesmo lugar um catering, Cococook (aqui ).
Mas o mercado de frutas - onde você compra o punhado de cerejas para comer no quarto -, o Chez Paul -com os melhores croissants e brioches da cidade - estão lá, como você descreve e sempre desfrutou. Assim como estão a sorveteria, as lojinhas de foie gras e de meias, o Carrefour, a livraria de livros de arte, ao virar na Rue de Buci (p. 102).
Daí não segui, pois o marido e a filha estavam já à minha procura e então voltei para o Boulevard para encontrá-los. Foi então que eu me deparei com outras descobertas e aí ficamos enroscamos por muitas horas: o Marché Saint-Germain, a casa populaire de sopa , a sen.sa.ci.o.nal pastisserie Gérard Mulot, (Mon Dieu).
Depois de uns petiscos no Marché e no Mulot, retomamos juntos o roteiro, já na altura da Saint Sulpice (p.102). Dalí nos perdemos e desviamos até retomar e subir a Rue de Tournons e encontrar o Luxembourg, espetacularmente colorido de outono, onde dedicamos o resto da tarde.
Neste trajeto, cherie, pulamos algumas coisas porque nos deparamos com outras que roubaram totalmente nossa atenção, como a loja de bonecas antigas, a de chapéus artesanais, a de apetrechos de casa, a Saint Sulpice sendo decorada para um casamento, etc. Parávamos para contar História para a filha, também.
Assim ficamos, sem compromisso, num sábado à tarde, descobrindo belezuras, gostosuras, cedendo à paixão inevitável por este quartier.
Ah! Voltamos para jantar no Café de Buci, frescas ostras e um beef bourguignon. E pudemos conferir como estas ruas ficam vibrantes à noite com a quantidade de gente circulando e se divertindo.
Não encontrei Catherine Deneuve, nas minhas andanças na Rue Bonaparte (p.102), assim como ninguém famoso encontrei na feira dominical no Boulevard Raspail. Mas encontrei muitos elegantes, muitos! De fato, a feira é para locais.
Na noite seguinte jantamos na Brasserie Lipp e formos atendidos pelo simpático garçon , Dominique, que tentava falar portunhol por ter passado um ano no Brasil.
Não encontrei Catherine Deneuve, nas minhas andanças na Rue Bonaparte (p.102), assim como ninguém famoso encontrei na feira dominical no Boulevard Raspail. Mas encontrei muitos elegantes, muitos! De fato, a feira é para locais.
Na noite seguinte jantamos na Brasserie Lipp e formos atendidos pelo simpático garçon , Dominique, que tentava falar portunhol por ter passado um ano no Brasil.
Ele fez questão de comentar que o Brasil tinha eleito uma presidenta guerrilheira, mostrando-se antenado com os acontecimentos no Brésil.
Perguntado sobre seu presidente, respondeu rindo: está enamorado.
Perguntado sobre seu presidente, respondeu rindo: está enamorado.
A Brasserie Lipp mantém sua tradição de acolher artistas, políticos, famosos e anônimos turistas acidentais - como nós. (p.100).
Hotel Welcome - sobre Café Mondrian |
Fila da sopa |
Vitral na Igreja Saint Germain |
Louça infantil na vitrine da Maison de Poupée - Marleneee! olhe isto! |
Arte e sabor - Gerard Mulot |
Restam flores no Luxembourg |
lateral da Saint German des Prés |
O actor grego - Bourgeois |
A Tabacaria, a farmácia, o Da Rosa |
Gerard Mulot |
O Lipp |
Lojas de alimentos no Marché Saint Germain |
Fachada Hotel Welcome |
Danuza, nos dias que se seguiram continuei de manhãzinha buscando seus roteiros (de charme, digamos!) , mas também saí do roteiro, muitas vezes, atraída por lugares, coisas , cheiros, cores, sabores e beleza que me inspiraram cada minuto nesta Paris que revi depois de mais de 10 anos. Me permiti a liberté de descobrir também sozinha outros cantos neste quartier.
Continuarei contando, mais pra frente, pois ainda nem citei o Bon Marché, a Maison de La Rêve, a exposição inédita e mundial de Monet no Palais Royal, a medaille miraculose, o pôr do sol em montmartre, o le deux moulin (de Amelie Poulain) etc...de modo que há muita conversa ainda, cherie.
Seu livro voltou "surradinho", de tanto andar comigo. Dentro dele muitas coisas foram sendo colocadas, incluindo anotações e comentários que fiz com você, sobre tudo o que vivi e me inspirei .
Obrigada pela companhia e por compartilhar o seu (nosso) amado quartier, Danuza!
Beijos, Gê
O livro companheiro,cheio de dicas, anotaçoes, folhas secas, mapas, etc. |
Marie Antoniette insistiu em vir conosco. Não pude negar, trouxe! Reparem o palácio de Versalles atrás! |
Um comentário:
Que narrativa mais interessante ! Fiz algo parecido em Lisboa, seguindo um texto de Fernando Pessoa sobre as vistas das colinas. Assim, ilustrado, comentado e com sabor, está demais.
Postar um comentário